Comecei a fazer pesquisas em 1991, motivado por escutar,
entre familiares pelo lado materno, que dois ancestrais haviam sido
historiadores em seu tempo: Mamede Azevêdo (1875-1956), meu trisavô, e seu
irmão José de Azevêdo (1890-1929), meu tio-trisavô. O interesse era, nessa
época, construir a minha árvore genealógica e “descobrir” quem eram meus
antepassados. Por essa altura, já era conhecido como “rato de biblioteca” (uma
referência à minha presença constante na Biblioteca Pública Donatilla Dantas
junto com amigos como Sidney, Cristiano, Lígia, Sheyla, Plínio e, dentre
outros, Edneide) e me dediquei a ler os poucos livros escritos, até então sobre
a história de Carnaúba dos Dantas: O Coronel de Milícias Caetano Dantas Correia
(1977), de dom José Adelino Dantas; Cinqüentenário do Monte do Galo em Carnaúba
dos Dantas, de Pedro Arbués Dantas (1978); e Carnaúba dos Dantas – Terra da
Música (1989), de Donatilla Dantas. Fiz entrevistas com idosos da minha família
e de outras, na procura por referências a meus familiares mais recuados e
combinei o uso dessas fontes orais com idas aos arquivos dos Cartórios
Judiciários de Carnaúba dos Dantas e de Acari, bem como, das Paróquias de Acari
e Caicó, onde fiz consulta e transcrição, com lápis e papel, de informações
presentes em registros de batizado, casamento e óbito, além de livros de
registro civil, inventários post-mortem, processos criminais e ações cíveis.
Pouco a pouco meu interesse se deslocou, também, para a compreensão do processo
histórico que originou o atual território de Carnaúba dos Dantas. Pelos idos de
1993 em diante, passei a manter correspondência (e, em alguns casos,
convivência) com historiadores e intelectuais como os saudosos Jayme Santa
Rosa, Pedro Arbués Dantas, Sinval Costa e Olavo de Medeiros Filho, além de
Antonio Luiz de Medeiros, que me forneceram informações preciosas, dicas e
caminhos para um neófito na pesquisa em arquivos. A partir de 1999, já na
graduação em História (UFRN), atuei como bolsista de iniciação científica sob a
tutela do falecido professor Muirakytan Macêdo, em três projetos de pesquisa
distintos. O contato com as fontes históricas ligadas ao mundo da Justiça
Pública e da Igreja Católica, pensando, agora, o Seridó como uma espacialidade
mais ampla, levou-me a construir uma linha de investigação que começou com o estudo
das populações indígenas e prosseguiu com o das populações mestiças,
perpassando a minha trajetória na graduação e pós, com desdobramentos até os
dias de hoje.
FONTE – PAPO CULTURA
Nenhum comentário:
Postar um comentário